Directora de Recursos Humanos da Winterthur Portugal
A forte competitividade que tem caracterizado o
mercado nas últimas décadas tem tido como efeito, na maioria dos sectores de
actividade, um esmagamento das margens que obriga a uma gestão empresarial cada
vez mais profissional e exigente .
O êxito das
empresas depende da capacidade em entender o mercado em cada momento e
responder, com a máxima rapidez possível, com a oferta do melhor produto ao
melhor preço.
A rapidez e a minimização dos custos de produção,
exigem níveis de eficiência operacional só conseguidos através de uma cada vez
maior racionalização e automação dos processos de trabalho. Estes níveis de
automação, suportados em sistemas cada vez mais sofisticados e complexos,
exigem profissionais com cada vez maiores níveis de qualificação.
Esta qualificação não se resume ao conhecimento dos
processos e sistemas. Gerar e gerir a eficiência operacional nas empresas exige
pessoas com competências e capacidades para interagir e agir sobre os sistemas,
controlando, monitorando e optimizando a sua exploração.
Por outro lado, a compreensão do mercado, a
concepção e a comercialização de novos produtos percebidos como de maior
qualidade pelo cliente, exige pessoas com elevados níveis de qualificação e com
competências a nível do tratamento e interpretação da informação, bem como com
a capacidade de conceber soluções de
acordo com as necessidades e expectativas do cliente.
O trabalhador que segue cegamente as instruções de
um chefe ou de um manual de procedimentos, sem nada entender do funcionamento
ou da finalidade da máquina ou do papel que manipula, nem do objectivo final da
tarefa que executa, raramente acrescenta valor à organização em que se insere.
O colaborador que oferece um produto ou serviço
inadequado ao cliente (quer pelo preço, quer pelo timing, quer pela ausência de
valor percebido), não só não acrescenta como reduz o valor da empresa em que
trabalha.
Hoje, cada
vez mais, são as capacidades, competências e valências cognitivas dos
colaboradores que são importantes, e não as operativas.
As empresas são constituídas por pessoas que
recebem, percebem e transformam Informação em Conhecimento, através da
interacção com sistemas. Agem sobre os sistemas, não reagem apenas. Não são
meros executantes, são decisores. Em
diferentes níveis de responsabilidade e de complexidade, é certo. Mas a todos
os colaboradores cada vez mais se exige qualificação e conhecimento, autonomia
e decisão.
Gerir Recursos Humanos é lidar com a inteligência , os valores e a
vontade das pessoas em contexto empresarial.
É alinhar inteligências e vontades com os objectivos estratégicos e usar as
competências de modo a conseguir cumpri-los de forma eficaz, eficiente e
sustentada. Não através da manipulação demagógica ou amadorista das pessoas,
mas através de um conjunto de métodos, técnicas, ferramentas e processos que de
forma racional, estruturada e sistemática apoiam e potencializam a
transformação das Competências em Resultados.
É este o tema que Ricardo Fortes da Costa tão
brilhantemente nos expõe, de forma didática, prática e simples, mas sem
concessões ou facilidades.
A vida nas empresas , as situações que se
geram, as resoluções, as soluções
e as aprendizagens.
Enfim, os percursos da Informação ao Conhecimento,
das Competências aos Resultados e vice-versa, porque o Conhecimento gera necessidade de mais
Informação e o atingir Resultados gera motivação para aquisição de novas ou
maiores Competências.
É isto o Desenvolvimento de Pessoas. É isto a Gestão das Pessoas.
Lisboa, Janeiro de 2003